ALEPH
PENSANDO NOVOS FUTUROS
2024
UM ESTADO TOTALITÁRIO.
O FIM DA LIBERDADE.
É POSSÍVEL RESISTIR?
APRESENTAÇÃO

Kallocaína é uma das grandes distopias do século 20. Mas, apesar de sua relevância e até da nomeação ao prêmio Hugo de melhor romance, é uma obra muito esquecida ao enumerarmos os títulos desse subgênero tão popular da ficção científica. É ainda mais surpreendente quando descobrimos que alguns estudiosos e especialistas acreditam que ela possa ter sido uma das inspirações para George Orwell ao escrever 1984, considerado o maior expoente das distopias.


O livro de Karin Boye foi publicado pela primeira vez em 1940, na Suécia. A autora, que nasceu em 1900, na cidade de Gotemburgo, consagrou-se como um grande nome do modernismo nacional. Filha de um engenheiro civil, cresceu em um lar abastado e conseguiu se dedicar aos estudos desde muito nova, mas foi na universidade onde teve o primeiro contato com organizações socialistas que moldaram sua ideologia pessoal nos anos seguintes.

...
Ler texto completo
SOBRE A AUTORA
Karin Boye

Karin Boye foi uma poeta e romancista sueca, nascida em 1900, em Gotemburgo. Altamente celebrada por sua poesia na Suécia, alcançou reconhecimento internacional principalmente por seu romance distópico de ficção científica Kallocaína, publicado em 1940. Boye estudou nas universidades de Uppsala e Estocolmo, tornou-se uma figura proeminente no movimento socialista e fundou a Spektrum, revista dedicada à poesia, propagando a teoria psicanalítica e visões literárias modernistas.

Ao longo de sua carreira, publicou cinco coleções de poemas, começando com Moln (1922) e terminando com De sju dödssynderna (1941), publicado postumamente, mostrando a evolução de sua visão e estilo.

O trabalho de Boye reflete não apenas seu talento literário, mas também sua coragem em explorar temas desafiadores e pessoais, como a opressão em uma sociedade totalitária e a aceitação de sua própria orientação sexual, em um período em que tais assuntos eram considerados tabus.

A autora deixou um legado duradouro na literatura, sendo lembrada não apenas por suas contribuições literárias, mas também por seu papel como uma voz progressista em discussões sobre modernismo, psicanálise e questões de gênero. Infelizmente, teve uma morte trágica e precoce aos 40 anos de idade. 

PRINCIPAIS ROMANCES PUBLICADOS
LENDO JUNTO
“O fundamento sólido e necessário da existência do Estado é a desconfiança mútua e profunda entre os homens.”

Kallocaína, romance emblemático de Karin Boye, é uma obra-prima distópica que antecipou os dilemas morais e éticos atrelados ao controle estatal e à perda da individualidade. Publicado em 1940, explora a vida sob um regime totalitário através dos olhos de Leo Kall, o cientista responsável pela criação de um soro da verdade revolucionário. Kallocaína não apenas reflete os temores de sua época mas também serve como um aviso atemporal contra os perigos do totalitarismo, mantendo-se relevante em discussões sobre ética, poder e resistência humana.

As distopias são essenciais para a literatura e o pensamento críticoe e oferecem um espelho distorcido de nossas sociedades, revelando as falhas e extremos aos quais nossas inclinações políticas e tecnológicas podem nos levar. Ao situar os leitores e...

Ler texto completo
DISPONÍVEL EM DUAS VERSÕES
COMO LER UMA DISTOPIA HOJE EM DIA?
Distopias: quando as páginas viram um campo de prova do poder

Kallocaína, da sueca Karin Boye, injeta um soro da verdade para pensarmos nosso mundo e a química dos algoritmos

Ana Rüsche*

 

Controlar meu polegar é uma demonstração de poder bastante sólida por parte dos algoritmos. A cena você conhece: abro meu celular esparramada no sofá. Se quiser, posso rodar a tela indefinidamente para baixo, não existe mais um fundo. Nesse fluxo infinito, imagens de rostos conhecidos e desconhecidos cintilam. Em comum, a felicidade, o bem-estar, o sucesso. Surgem vídeos de guerra para o excesso de alegria não enjoar. No momento em que meu polegar hesita, o algoritmo muda o ritmo: escolhe aquele vídeo irresistível de dois gatinhos conversando.

Alegre, aceito o presente da programação. Continuo entregando mais meia hora de vida nesse jogo e pago a diversão vendo anúncios de calçados que um dia me interessaram — fatos que os algoritmos nunca esquecem e em que insistem suavemente. Meu polegar está sob o domínio dessa programação, embora tudo pareça inofensivo. Há um desejo inegável de receber essa recompensa prazerosa, um vídeo delicioso de gatinhos, uma anestesia para minhas preocupações. É um jogo agradável para um domingo. Entretanto, e se forem anúncios voltados a perfis querendo aniquilar determinadas pessoas? E se mudarem os rumos de eleições?

Bom, a literatura é famosa por criar ideias mirabolantes para tais “E se”. Especialmente as distopias, quando as páginas viram um campo de prova para especular sobre o poder. Na ficção científica distópica, quando ...

Ler texto completo
INSPIRAÇÃO
5
Artistas & conflitos
Explorar a arte durante períodos de conflito revela uma perspectiva única e muitas vezes profundamente emocional sobre as realidades da guerra e da disputa política. Artistas mulheres, em particular, ofereceram visões significativas e críticas através de seus trabalhos, documentando a devastação, expressando resistência e buscando esperança. Aqui estão cinco artistas mulheres renomadas que criaram obras impactantes em meio a guerras e disputas:
01
Käthe Kollwitz
Uma das mais proeminentes artistas do expressionismo alemão, Käthe Kollwitz viveu e criou durante um período tumultuado na Alemanha, incluindo as duas Guerras Mundiais e a ascensão do regime nazista. Sua arte profundamente comovente, frequentemente focada na pobreza, injustiça social e sofrimento humano, reflete as tensões e tragédias de sua época.
[Primeira e Segunda Guerra Mundial]
02
Frida Kahlo
Embora mais conhecida por suas pinturas surrealistas e autorretratos, Kahlo também abordou temas de identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça em um México pós-revolucionário. Suas obras são repletas de simbolismo pessoal e político.
[Revolução Mexicana]
03
Lee Miller
Fotógrafa americana que trabalhou como correspondente de guerra para a Vogue durante a Segunda Guerra Mundial. Miller documentou o impacto do conflito na Europa, incluindo o horror do Holocausto, com suas fotografias do campo de concentração de Buchenwald.
[Segunda Guerra Mundial]
04
Faith Ringgold
Artista, escritora e ativista afro-americana conhecida por seus "story quilts" que combinam pintura, narrativa escrita e patchwork. Ringgold abordou questões de racismo, sexismo e injustiça social em sua obra, destacando a luta pela igualdade durante um período de intensa disputa social e política nos Estados Unidos.
[Movimento dos Direitos Civis nos EUA]
05
Mona Hatoum
Artista contemporânea de origem palestina, Mona Hatoum nasceu em Beirute, Líbano, em uma família de refugiados palestinos. Sua obra abrange instalações, esculturas, vídeo e fotografia, explorando temas de lar e exílio, vigilância, violência e a fragilidade da condição humana.
[Palestina]
AS AUTORAS DA ALEPH
Ursula K. Le Guin
Suzane Heigh Elden
Ann Leckie
P.D. James
Irmãs da revolução
Karin Boye
LINHA DO TEMPO
SCI-FI E CRISES POLÍTICAS

A ficção científica serve frequentemente como um veículo para crítica social e especulação política, desde os primórdios do gênero. Esta abordagem permite aos autores explorar possíveis futuros, utopias, distopias e os impactos da tecnologia e da política em sociedades imaginárias, frequentemente refletindo e criticando aspectos do mundo real.

1895
A Máquina do Tempo por H.G. Wells, introduz a ideia de viagem no tempo, oferecendo uma crítica social das disparidades de classe.
Início da Primeira Guerra Mundial, que durou quatro anos.
1914
1932
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, é uma distopia que critica o consumismo, controle estatal e manipulação genética.
Início da Segunda Guerra Mundial, que influenciou profundamente a cultura e a literatura, incluindo a ficção científica, com reflexões sobre totalitarismo, genocídio e as consequências devastadoras da guerra.
1939
1940
Kallocaína, de Karin Boye, é lançado, uma visão sobre um governo totalitário e vigilante.
1984 é uma crítica ao totalitarismo, influenciada pela Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria.
1949
1953
Fahrenheit 451 por Ray Bradbury. Crítica à censura e ao controle estatal sobre o conhecimento e a informação.
O homem do castelo alto, escrito por Philip K. Dick em 1962 mostra uma realidade alternativa, na qual as forças Aliadas (Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e outros) perderam a Segunda Guerra Mundial.
1962
1964
A saga de Frank Herbert, Duna, é uma exploração profunda do poder, religião e resistência contra opressores em um cenário de ficção científica.
O Conto da Aia por Margaret Atwood, uma sociedade distópica onde mulheres são subjugadas em um regime teocrático extremista.
1985
1989
Queda do Muro de Berlim e fim da União Soviética influenciou a ficção científica com um foco menor na distopia nuclear e maior em globalização e ciberespaço.
O filme V de Vingança mostra uma Inglaterra futurista sob um governo fascista e a luta pela liberdade.
2005
2009
Distrito 9 faz alusão ao Apartheid, regime de segregação racial que foi implementado na África do Sul e durou dos anos 1940 até a década de 1990.
Veja outras linhas do tempo:
VOCÊ TAMBÉM VAI GOSTAR
OUTROS TÍTULOS RELACIONADOS
1984
GEORGE ORWELL
Conhecer o livro
Nós
IEVGUÊNI ZAMIÁTIN
Conhecer o livro
Laranja Mecânica
ANTHONY BURGESS
Conhecer o livro
Filhos da esperança
P.D. James
Conhecer o livro
Paywall
Continue lendo esse conteúdo.
Fale um pouco sobre você para que a gente possa enviar novidades sobre nossos livros.
Entrar
PAYWALL