Não é um exagero dizer que as distopias são um dos gêneros narrativos que mais refletem os séculos 20 e 21. Nascida de transformações ambientais, contrastes sociais e da relação cada vez mais profunda entre a humanidade e a máquina, a distopia reflete alguns dos maiores medos da humanidade. Essa, talvez, seja a razão pela qual essas histórias fazem tanto sucesso até hoje: são espelhos distorcidos de um futuro que parece cada vez mais assombroso. É impossível listar todas as obras distópicas dos últimos séculos, mas algumas delas fizeram história dentro da ficção científica.
1868
Primeira vez que a palavra foi usada em um contexto político, por John Stuart Mill, durante um discurso no Parlamento Britânico.
Os 500 milhões da Begum, de Júlio Verne, retrata a rivalidade entre duas sociedades, uma delas utópica (Frankville) e a outra, distópica (Stahlstadt).
1879
1899
H. G. Wells publica O dorminhoco, que inspirou o filme Woody Allen de 1973.
Wells publica a primeira distopia alienígena, Os primeiros homens na lua, que dá origem ao filme de mesmo nome de 1964.
1901
1909
O conto The Machine Stops, de E. M. Forster, é publicado; é considerado a primeira distopia causada por "sofisticação tecnológica", de acordo com a Encyclopedia of Science Fiction.
A polaridade entre o sistema capitalista e o socialista aumenta a produção literária de distopias. Autores como Jack London (The Iron Heel, de 1907) escreveram sobre o tema.
1910
1924
Nós, de Yevgeny Zamyatin, é publicado em alguns países e proibido na União Soviética; é considerado por muitos a primeira distopia moderna.
Chega aos cinemas o longa Metrópolis, dirigido por Fritz Lang, inspirado no livro de Thea von Harbou, publicado dois anos antes.
1927
1932
É lançado Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, uma distopia satírica.
É publicado Swastika Night, de Katharine Burdekin (sob o pseudônimo Murray Constantine), uma das distopias mais contundentes e expressivas sobre o nazismo.
1937
1948
1984, de George Orwell, populariza o formato de distopias que exploram ansiedades sociais e formas de controle a partir da tecnologia.
Uso mais frequente do termo por conta da obra Quest for Utopia, de Glenn Negley e J. Max Patric.
1952
1953
Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, é publicado e rapidamente se torna um símbolo contra a repressão cultural.
Uma mulher no limiar do tempo, de Marge Piercy, é lançado. A obra abriria caminho para muitas autoras explorarem o tema das distopias feministas.
1976
1982
O filme Blade Runner, inspirado na obra Andróides sonham com ovelhas elétricas?, de Philip K. Dick, chega aos cinemas.
Neuromancer, de William Gibson, uma das obras mais influentes do cyberpunk, é publicada.
1984
1985
Margaret Atwood publica O Conto da aia, uma das distopias de gênero mais populares da literatura.
O clássico Filhos da esperança, da autora inglesa P. D. James, é publicado.
1992
1993
É publicado A parábola do semeador, de Octavia E. Butler, uma distopia que debate gênero e raça de forma profunda e inovadora.
Uma das obras cinematográficas mais influentes da ficção científica, Matrix tem como pano de fundo uma distopia ambiental.
1999
2005
Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro, é lançado. O livro é um dos responsáveis pelo prêmio Nobel de literatura de Ishiguro, em 2017.
Jogos vorazes, de Suzanne Collins, abre caminho para as distopias jovens.
2008
2014
É publicado Estação Onze, de Emily St. Mandel, que ganhou força em 2020 ao retratar uma pandemia em tempos modernos.
O poder, de Naomi Alderman, reinventa o formato da distopia de gênero - e se mulheres tivessem poderes elétricos?
2017